segunda-feira, 18 de junho de 2012




A quem se ama

De longe vista com um semblante impenetrável.
Dourada como o contorno de fogo num eclipse.
Que nos leva ao leve vento com faísca inflamável,
Queimando-me como um papel frágil e relapso.

Com uma voz terna e forte um olhar cativante.
Às vezes solitário como um AS do baralho.
Um sorriso vasto mostrando uma alegria radiante.
Com belos cabelos esvoaçantes, castanhos e cacheados!

Esguia com um corpo escultural, traçado digno de aplausos!
Do tipo sensual espalhando beleza como se de Narcíseo nascesse.
Formando sempre um espelho d’água em folhas secas que se quebrassem,
Vendo outras indagar o reflexo de uma linda mulher em cada caco!

Quando triste chora e a cada lágrima escorre a fragrância doce, meio amargo.
Em uma tempestade derrete como um bilhete de papel, aquele que não se queima...
Escorrendo pela enxurrada levando embora toda essa dor que a perturba e a desnuda.
E no dia seguinte brilhar no nascente, e se por no fim do dia e assim sucessivamente...

PC Lima



Como tudo deve ser


Em dias frios não de inverno,
Um rosto lindo passa e tudo para.
Foi como o Sol nascente no céu escuro!
Fiquei parado esperando uma ponta desse raio...

Senti-me em meio ao vento, leve e livre...
Numa energia púrpura com sabor de maçã mordida.
Atração ardente numa face de uma inocência de mulher.
Com um sorriso belo, simples e um ar angelical inócua.

Queria esse anjo para eu voar em suas asas.
Assistindo o vento sobre seus cabelos dourados.
Poder ver refletido no céu azul a cor dos seus olhos puxados.
E ter comigo a certeza que tudo é real como o fato de amar.

E ao passar do tempo tudo muda sem se explicar...
E a confusão me pega numa guerra constante e escarnecedora...
O desejo com a sensação de paixão corroendo com ferrugem...
Mas ao final não passava de uma linda amizade que há de durar...

PC Lima

Cabeça de Vento

Aos meus sonhos uma cortina transparente...
Enxergar realidade onde tudo existe e vive.
Naturalmente tudo se mostra nostalgicamente,
E me toca com mãos frias de saudade e delicadeza!

Como receio o que vem de dentro, muito intenso.
Uma explosão de pulsos elétricos, temporais e corpulentos.
Uma descarga violenta de sentimento me guia pela rosa dos ventos,
E me traz a certeza de não estar perdido só em alguns momentos...

É a magia do imaginário que viaja pelos montes do nada,
E chega a lugar nenhum, é um traço reto de curvas ocultas.
Onde no meu rastro deixo desenhado, visível, quase apagado!
Restando-me fechar os olhos, deixando-se levar pelos canais Venezianos.

Passeando de gôndolas vejo a expressão de espanto do gondoleiro, quase medo!
E logo ele que há tanto tempo rema por aqui, é o inédito por minuto acontecendo!
Como num observatório me ponho atrás da retina com lentes grosas e nada vejo!
É tudo o que vejo na cabeça do homem, paredes coloridas, abstratas, o real acontecendo.

PC Lima